Entrar em uma universidade é um momento marcado por mudanças significativas na vida prática e emocional de uma pessoa. Esse ambiente facilita o desenvolvimento pessoal do estudante, o qual tem a chance de aperfeiçoar habilidades e questionar pressupostos antigos, experienciando novas formas de perceber o mundo. Porém, a universidade também está associada a mudanças bruscas de rotina, novas normas e diferentes metodologias de ensino e avaliação, bem como socializações com grupos de pessoas desconhecidas. Tal cenário nos faz perceber que apesar de o estresse estar presente em diversos momentos da vida, ele torna-se mais evidente entre estudantes universitários. Além disso, há um aumento de hábitos alimentares não saudáveis, irregularidades no padrão de sono, uso irregular de preservativos, dificuldade de concentração e consumo de substâncias. Estes fatores associam-se em alguns níveis às intensas mudanças apontadas, bem como à aspectos acadêmicos como a avaliação dos professores, sobrecarga de trabalho e tempo limitado para a realização das atividades, influenciando nos níveis de bem-estar e saúde mental. Muitas vezes, além do estresse, os estudantes apresentam sintomas de ansiedade, depressão, e indícios de redução de bem-estar, os quais acontecem especialmente quando eles avaliam que seus recursos não são suficientes para as exigências universitárias. Para mais, alguns estudos apontam que o sofrimento psíquico do estudante tende a ser maior no primeiro e último ano do curso, e é agravado se o universitário apresenta uma percepção negativa da sua faculdade. Por um outro lado, algumas características psicológicas, como por exemplo, sensação de dever cumprido e autoconhecimento, ajudam os universitários a proteger-se do estresse, apresentando-se com melhores dados de saúde. Preocupar-se com a saúde mental dos universitários é essencial para desenvolvermos políticas públicas de prevenção, bem como pensarmos em intervenções terapêuticas focadas nesse grupo.
Por: Bruna Filliettaz Rios
Mestranda pela FFCLRP-USP
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