Você já sentiu aquela vontade louca de arrumar a casa bem na hora que deveria fazer algum trabalho? Ou aquela sensação de culpa insistente que teima em não ir embora bem durante sua série favorita? Esse adiamento de tarefas (que muitas vezes parece não ter fim) e que acaba nos trazendo prejuízos é a famosa procrastinação. Quem nunca, não é mesmo?
Procrastinar é um comportamento bastante comum. Em minha pesquisa de mestrado, 80% das pessoas relataram procrastinar de alguma maneira em suas vidas. Esta alta incidência é preocupante porque a procrastinação está relacionada com uma piora na percepção do bem-estar, diminuição da saúde mental, baixa performance, dificuldades financeiras e, inclusive, maior risco de doenças físicas e mortalidade. O impacto da procrastinação na produtividade e na saúde mental depende de como a pessoa lida com isso. Procrastinar pode ter impacto mínimo, quando a pessoa percebe rapidamente que está agindo assim e usa outras estratégias mais funcionais para evitar este comportamento. Ou pode levar a um quadro mais grave de adoecimento mental quando se torna um padrão cíclico na vida e a pessoa se vê paralisada e sem saída. Se este for o caso, é aconselhável a busca por psicoterapia com um profissional competente. A orientação mais importante para nos mantermos funcionais e com a saúde mental equilibrada é buscar estar sempre consciente de si. Para isso, ajuda se perguntar com frequência: “O que estou sentindo/pensando?”, “O que esse sentimento/pensamento quer me dizer?” e “Há algo que eu possa/queira fazer em relação a isso?”. Essas perguntas ajudam a entrar em contato consigo mesmo e trazer a atenção para o presente e para o próprio comportamento, que é a única coisa que podemos controlar. Muitas vezes, não seremos capazes de impedir a procrastinação, mas podemos tomar consciência dela e inserir outros comportamentos mais funcionais que trarão equilíbrio e sensação de controle e produtividade, que quebram o ciclo da procrastinação. Escolher como queremos lidar com a procrastinação é mais importante do que tentar evitar a procrastinação em si.
Por: Mariana P. Rozenberg
Psicóloga, Terapeuta Cognitiva, Mestre em Psicologia: Cognição e Comportamento - UFMG
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