Adolescência é um período de grandes transformações. Nesse período, muitos de nossos traços e tendências irão se consolidar. Uma importante característica da personalidade é o perfeccionismo. Alguns dizem que é uma característica admirável, outros que é um problema. Para os cientistas essa característica apresenta duas possibilidades. De um lado, os perfeccionistas buscam colocar o seu melhor no trabalho e se esforçam por sucesso. Isso é algo considerado positivo. Por outro lado, há aqueles que se preocupam excessivamente em não alcançar o que planejaram, têm metas irrealistas e medo de serem menosprezados se não fizerem tudo com perfeição. Isso pode trazer sofrimento para o indivíduo e pode torná-lo suscetível a diversos transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Vale lembrar que na adolescência já existem várias pressões como a escolha da carreira e o início das responsabilidades da vida adulta. Então é de se esperar que adolescentes perfeccionistas apresentem maior vulnerabilidade para transtornos mentais. Se o perfeccionismo é tão importante de onde ele vem? Uma das respostas parece estar no tipo de socialização recebida pelas crianças. Alguns pais possuem expectativas muito altas e cobranças exageradas que contribuem para a sensação de que os filhos estarão sempre aquém do que é esperado e que seu valor dependente do desempenho. Os estilos de criação com controle e ansiedade excessiva também contribuem para o desenvolvimento do medo da punição diante dos erros. As relações parentais também podem ser estabelecidas de modo saudável, assim, mesmo que se espere um bom desempenho dos filhos é possível comunicar disso de uma maneira positiva, esclarecendo que o valor do indivíduo não está no somente em seu desempenho. É importante que seja ensinado aos filhos o valor do processo e a aprendizagem a partir dos erros. Por outro lado, a responsabilidade não está somente no ambiente nem tampouco pode-se culpar os pais/cuidadores, existem algumas características da personalidade dos filhos que podem favorecer o aparecimento de um perfeccionismo menos saudável e outro que se assemelha apenas a busca por excelência, mas isso é assunto para outro post!
Por: Flávio Henrique Soares
Psicologo – Mestre em psicologia e doutorando do PPG Psi CogCom
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